Seja bem vindo ao "Cidade-Condomínio"

Este blog é um trabalho da disciplina "Núcleo Temático: Cidade e Segregação" do curso de graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Buscamos refletir e debater o tema condominio.

Venha debater conosco a temática condomínio, relatando sua experiência, se é um morador (a) ou suas imprensões a cerca desta forma de moradia!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Resenha - REFLEXÕES SOBRE A CULTURA DO MEDO: um retrato do desenvolvimento da violência urbana na atualidade* . Por Liliane Schulz

*Artigo de Eunice Maria Das Dorês Vaz de Melo.
Professora adjunta da Universidade Presidente Antônio Carlos - Unidade Vespasiano- MG

No estudo analisado, a autora pretendeu explicitar o contexto que traz o significado do medo da violência no tempo presente, defendendo que este sentimento implica no aumento ou na diminuição da coesão dos indivíduos de um determinado grupo, citando, primeiramente as perspectivas de Durkeim e Weber sobre o assunto. Na concepção do primeiro, a estrutura de um todo pode explicar a ação e os fenômenos sociais; por outro lado, para Weber, o indivíduo seria a chave explicativa para a ação e os fenômenos sociais. Dessa forma, a autora aponta para a conseqüente tendência a haver um entendimento de dicotomia entre ação e estrutura, porém ressalta que não há apenas esta alternativa de compreensão da referida relação, adentrando na concepção de “agência humana”. O trabalho de Eunice Maria das Dôres Vaz de Melo possui como objetivos captar que atitudes os agentes têm buscado para reduzir o medo da criminalidade urbana e articular a discussão sobre a cultura do medo à noção de “agência humana”, a fim de compreender de que forma esta última pode contribuir para o estudo da cultura do medo. Considerando o medo como uma força que tem por finalidade evitar perigos de qualquer natureza e sempre existiu, a autora ressalta que na espécie humana o medo é construído e transformado culturalmente, sendo relacionado ao tempo e ao espaço. Baseando-se em Marilena Chauí, Melo destaca o que traz o medo, apontando como resposta a morte e todos os males que possam simbolizá-la: “a peste, a fome, a guerra, o fim do mundo, a repressão (para os pequenos) e a subversão (para os grandes)”.
Eunice Maria explica que o medo teria sua gênese no que chama de um singular coletivo, supondo-o como fruto da sensação de insegurança da população frente à percepção dos crimes, estando estes entre as maiores preocupações dos brasileiros.
A cultura do medo é entendida como a expressão das necessidades historicamente condicionadas de um grupo social e de seus indivíduos e como referência à totalidade das práticas sociais coletivas e suas representações simbólicas., por isso a autora chama atenção para o fato de a cultura não ser estática ou imutável, ocorrendo na verdade o inverso, tendo em vista que se apresenta como uma dinâmica das ações e interpretações dos agentes. Uma vez que todos se sentem ameaçados, a cultura do medo altera profundamente o território e o tecido urbano e, como consequência a vida cotidiana da população.
Melo destaca que deve se considerar o grau do medo de acordo com a aparente intensificação da criminalidade, desenhada pelos meios de comunicação, os quais tem explorado o tema da violência como uma das principais chaves para a audiência, podendo também estar articulada a estratégias para ampliar o mercado . Juntamente à mídia, a autora cita “a fala do crime” como um forte intensificador da cultura do medo. A fala do crime, incitada pela mídia, estaria presente nas conversas e práticas do cotidiano, fazendo parecer algo mais próximo e intenso do que de fato é. Isto resulta não no controle da violência, mas como fator que acentua o medo e a própria violência e, assim acabam por impor a segregação socioespacial,de modo a instigar preconceitos.
Um importante aspecto levantado pela autora diz respeito à negligência do poder público, uma vez que este não tem assumido o papel legítimo de garantir e manter um Estado de Direito. Além de não intervir nas relações entre a sociedade civil, até mesmo a polícia, instância do poder público, contribui para despertar o medo na sociedade. Desse modo, ao não contar com a intervenção do Estado para garantir a segurança, a população, na defensiva, se organiza e procura proteção a partir de suas próprias iniciativas.
Uma questão que se coloca, conforme Eunice Maria das Dores Vaz de Melo, é o preço que a população está pagando para reduzir o medo, por meio das atitudes que vem sendo tomadas. A autora cita que no presente, as formas interativas do cotidiano se traduzem numa socialização da violência na indagação sobre a construção da imagem do outro, promovida pela cultura do medo. Como consequência, muitas pessoas sofrem suspeição, principalmente os mais pobres, sendo freqüentemente considerados marginais ou bandidos somente pelo fato de serem pobres, intensificando ainda mais as diferenças de classes, com a exclusão e banalização dos miseráveis. Com o medo acompanhado do estranhamento nas redes de pertencimento, as pessoas se reservam mais e a desconfiança do outro faz com que seja reforçado o hiperindividualismo, dispersando, desse modo, as possibilidades de ações coletivas.
Eunice Maria apresenta como “estética da segurança”, ou “estética do medo” a expressiva alteração que se nota na paisagem arquitetônica das cidades brasileiras. Condomínios fechados com grades, muros altos, sistemas de alarmes contra roubos etc. visam dar maior proteção às pessoas e ao patrimônio, constituindo novas complexidades nos processos de segregação espacial e social que funcionam também para estigmatizar, controlar e excluir estranhos, sobretudo os mais pobres. A necessidade de se cercar tranformou a vida de pobres e ricos, inclusive no que diz respeito à qualidade dos serviço prestados conforme os espaços.
A autora destaca que o medo como fobia social não tem servido de estímulo para a organização coletivas por causas em comum dos grupos, mas tais fatores estão tornando as causas mais particulares, sendo tratadas na esfera privada. Melo destaca que a violência e a cultura do medo têm sido favorável para o crescimento de um mercado novo e em ampla expansão, apresentando hoje, a segurança como uma mercadoria vendida no mercado sob formas cada vez mais diversificadas. Citando Caldeira (2005, p. 204) é reforçado no texto, que com a expansão da indústria de segurança privada, a discriminação contra os pobres é dobrada, tendo em vista que os pobres, agora são vítimas dos abusos da polícia e também da vigilância privada.
Para Melo, construindo muros, a vida pública de fato se altera, de modo que a cultura do medo passa a moldar um novo tipo de cidadão, o que chama de “sub-cidadão”, pois trata-se de um sujeito que não percebe claramente seus direitos individuais e tampouco luta pelos direitos sociais de forma coletiva., já que busca nas estratégias da esfera privada o que poderia alcançar como direito.
Eunice Maria apresenta como interpretações do motivo pelo qual as pessoas vem agindo dessa maneira algumas vertentes: o viés estruturalista, pelo qual o indíviduo é reconhecido como mero reprodutor da ordem, ou seja, a estrutura social resulta em uma padronização dos indivíduos , de modo que se afastariam dos espaços públicos; o viés funcionalista, equiparando a sociedade como um organismo vivo, que age em autodefesa frente a uma ameaça; outra análise seria baseada no indvidualismo metodológico, justificada no fato de que o indivíduo é concebido como totalmente livre para agir e pensar racionalmente, como se não houvesse interdependênica com a estrutura. Da mesma forma, o estruturalismo e o funcionalismo desprezam a interdependência com o indivíduo, de modo a manter todas estas vertentes na dicotomia entre estrutura e ação.
Foram, contudo, apresentados no texto, três autores contendo em comum a não idéia de antagonismo entre ação e estrutura: Norbert Elias (1939), Bourdieu (2000) e Giddens (1989). Todos apresentam ação e estrutura como sendo complementares entre si. Melo afirma que estes entendem que somos nós que fazemos a sociedade e, ao mesmo tempo, somos feitos por ela, atrav´[es de uma rede de relações interdependentes.
Por fim, a autora pontua as possibilidades da contribuição da noção de “agência humana”: pensar a cultura do medo como uma expressão dinâmica das ações e interpretações dos agentes no tempo e no espaço; pensá-la de forma relacional, ou seja, considerando a interdependência entre os indivíduos; entendê-la como criadora e criatura dos agentes, sendo que estes possuem o poder de modificá-la ou mantê-la, mas não de controlá-la.
Estes levantamentos teorizam o que vem sendo observado nas cidades brasileiras, como a opção por morar em condomínios que representam para muitos indivíduos a segurança, tendo como uma das razões, a certeza de que residirão em companhia de moradores com semelhantes condições financeiras, o que “tranqüiliza”, pela mesma certeza do distanciamento dos pobres, pois despertam o medo, ainda que a certeza da segurança nos condomínios não possa ser fundamentada a partir de tais aspectos.

Resenha do artigo de Cristina Patriota de Moura, “A fortificação preventiva e a urbanidade como perigo”.Por Alessandra Teixeira

Neste é problematizado a proliferação dos sistemas de vigilância através dos condomínios fechados e a consequente segregação existente nos espaços urbanos. Aborda a temática da “cultura do medo”, a prevenção da violência e apresenta estudos referentes a pesquisas realizadas em Goiânia.
A autora inicia seu estudo relatando que a vida urbana tem sido caracterizada através de termos como violência, medo e perigo. A mesma informa que há estudos que apontam que as cidades ditas globais, utilizam-se de instrumentos de vigilância para disciplinar o usufruto dos espaços das cidades. Os estudos sinalizam também que há um crescimento da privatização dos espaços públicos na forma de parques, shopping centers e bairros residenciais fechados, onde existem grande investimentos em sistemas de vigilância.
Moura apresenta aponta que pode-se perceber uma segregação no interior dos grandes centros urbanos no Brasil ao analisar o movimento que ocorre entre as elites e camadas médias e as camadas mais populares; estas ficam restritas de aproveitar os bens e serviços oferecidos pelas cidades e aqueles, adquirem blocos residenciais com alta tecnologia de vigilância. Esta situação tende a ocasionar conflitos sociais e aumentam a violência urbana, que é combatida pela elite social com o refúgio nos enclaves fortificados - condomínios fechados.
A autora salienta que o crescimento dos condomínios fechados não é uma singularidade dos Estados Unidos ou do Brasil, mas uma realidade de muitos outros países. Tal realidade tem como justificativa a busca do bem-viver, apontado por Guiddens (1991); nega-se assim o que de fato ocorre na vida cotidiana dos espaços urbanos.
É abordado que existe uma disseminação da “cultira do medo”, que possue uma certa coerência , devido os episódios de violência nas cidades, mas que é intensificada para afirmar a necessidade de prevenção contra os riscos da vida nas cidades.
A autora afirma que o desafio é direcionar a análise antropológica, para além do “discurso” do medo e realizar um “estranhamento” do que está posto pelo senso-comum. Ela afirma também que é uma tendência termos nossas ações baseadas pelos estudos dos chamados “peritos” da violência urbana, sem percebermos que muitas vezes estes estão a serviço do mercado que cria necessidades a partir do perigo eminente. Estes peritos também ganham espaços, a partir da proliferação ideológica de que o Estado deixa lacunas no que se refere a segurança pública.
Com suas pesquisas, a autora percebe que muitos moradores dos condomínios justificam a escolha pela liberdade do cotidiano da vida, pela segurança de estarem “separados” da violência das ruas, Algo que identificou também, foi que muitos não afirmaram que Goiânia seja uma cidade muito violenta, mas que morar em condomínios é uma profilaxia para a violência que tem crescido em todas as cidades. Eles acreditam que os muros e cercas que envolvem as residências é uma forma de lidar com a insegurança.
Moura conclui seu artigo, relatando que o morar em condomínios é uma forma de defesa contra o medo e que existe um status em viver nestas formas de habitação. Ela sinaliza que as pessoas vivem uma nostalgia do tempo em que as pessoas viviam com mais segurança, distintos do tempo presente.

Percebo que este texto nos apresenta questões importantes a serem problematizadas como a cultura do medo, tão divulgada pelos meios de comunicação e a forma como as pessoas percebem a vida nos espaços urbanos a vida em condomínios.
Penso que seja importante utilizarmos estas temáticas para analisarmos as questões que embasam esta proliferação pela prevenção fortificada. Muitos acreditam que a vida em meio aos muros gera a segurança. De fato pode ser que haja menos riscos de vivenciar situações de violência. No entanto, pouco se discute o que gera a violência: o lugar que ocupamos na produção e reprodução da vida social, a divisão de classes. Analisar a segregação existente entre os que moram em condomínios e os que moram em favelas,sob esta ótica, nos clareia a visão e nos faz perceber que a segurança é abordada como mercadoria disponível para os que podem pagar por elas. Nos dá a compreensão de que não basta pensar na segurança individual, mas em lutarmos em estratégias concretas que possibilitem que todos, sem distinção de posicionamento social possa garantir a integridade da vida.

Resenha feita por: Léa Santos. Texto: Enclaves Fortificados: Erguendo Muros e Criando uma Nova Ordem Privada. Autora: Teresa Caldeira.

CALDEIRA, Teresa P. do Rio,2000. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. São Paulo. Editora 34/Edusp. Enclaves Fortificados: Erguendo Muros e criando uma nova ordem privada. Resenha de: Santos, Léa Silvia Figueiredo.Parte III, cap 7, p. 257-300.2010


A autora analisa o novo padrão de segregação urbana. Tendo como os enclaves fortificados como o núcleo do novo modo de segregação. Explorando a versão residencial, no caso os condomínios fechados. Mostra as dificuldade em se organizar a vida social dentro de muros e como uma estética de segurança que tornou-se dominante na cidade de São Paulo nos ultimos viente anos.*

O texto nos mostra que algumas mudanças econômicas, políticas, exôdo de trabalhadores contribuiram para o aumento da tensão, o medo da violência e do crime, devido a aproximação espacial entre ricos e pobres, pois a desigualdade se torna mais visível. Bem como uma fala segundo as narrativas vista nesse trabalho claramente preconceituosas de alguns entrevistados.

Segundo a autora, nos ultimos anos, as formas de relacionamento urbano tem sofrido transformações significativas, marcadas pela proximidade espacial entre grupos heterogêneos, mas, tambem com uma separação social acentuada. E podemos verificar isso, na constante presença de muros(não apenas físicos, mas tambem simbólicos) e pela utilização de técnicas de segurança e de distanciamento social cada vez mais sofisticadas.

Os "enclaves fortificados", que são espaços privatizados, fechados e monitorandos, que como já mencionado, constituem-se como o principal instrumento desse novo padrão de segregação, justificado pelo medo do crime e da violência por parte da sociedade(elite)que se sentem ameaçados e preferem abandonar os espaços de livre acesso e circulação, caracteristica da vida urbana e do espaço público modernos.

Vemos que o abandono de valores vinculados a um espaço público aberto e que promova a igualdade, conduz à separação e de distância irredutível entre os grupos sociais, fazendo crer que cada um deva se isolar e conviver apenas com os seus iguais. A homogeneização produzida pelos " enclaves Fortificados" impede a manifestação dos contrastes e a percepção do outro como um distinto complementar, dificultando a formação de indivíduos capazes de perceber a importância de sua atuação pública, fortalecendo assim, à percepção dos direitos individuais como elementos básicos da cidadania.
Com isso, surge esse novo novo conceito de moradia , o condomínio fechado ­, que enfatiza a segurança e implica uma nova forma de posicionamento no mundo, um estilo de vida distinto do anteriormente predominante. Essa alternativa tende a ser constituída por ambientes socialmente homogêneos, controlados por guardas armados e sistemas sofisticados de segurança, que oferecem proteção contra o crime e criam espaços segregados.
Tal estilo residencial enfatiza o valor do que é privado e restrito e desvaloriza o público e aberto, e neles são impostas regras de inclusão e de exclusão.
São fisicamente demarcados e isolados por muros, grades, áreas vazias e detalhes arquitetônicos, os condomínios caracterizam-se como espaços autônomos e independentes do entorno em que estão situados; por isso, podem estar em qualquer espaço e mudam o panorama da cidade no que se refere ao caráter do que é público e à interação entre os diferentes estratos sociais.

Muda a cidade, porque ao transformarem a paisagem urbana, as estratégias de segurança dos cidadãos também afetam os padrões de circulação, os trajetos diários, os hábitos e os gestos relacionados ao uso dos transportes públicos, dos parques, dos espaços comuns e das ruas. O que antes era o elemento central para o desenvolvimento da sociabilidade urbana, parece ter sido eliminado, no momento de predomínio dos enclaves fortificados, quando o espaço público se esvazia ­ ruas e calçadas são projetadas apenas para o tráfego de veículos, praças tornam-se cada vez mais ausentes, áreas de comércio são internalizadas e circulação de pedestres, desestimulada ­, o que resulta na ausência de uma genuína experiência de vida pública.
A discussão que o capítulo traz, é uma ferramenta mais para ser analisado as questões que vemos atualmente não somente em São Paulo, mas em outras grandes cidades, que tem o foco na segurança e acaba enfatizando a segregação.

* Importante ressaltar que a autora utiliza o termo " enclave fortificado", para o tipo residencial como este, mais tambem para shopping centers e outros tipos de espaços( que utilizam outros termos, como por exemplos: gated community, " condomínios fechados"etc).

Postagem feita por: Simone da Silva Farias Santos Resumo: Condomínios Fechados na Região Metropolitana de São Paulo: Fim do modelo centro rico versu

A autora analisa a configuração urbana das grandes cidades brasileiras, e a proliferação de um novo tipo de enclaves residuais: os condomínios horizontais fechados.
Maria D’Ottaviano se concentra em estudar a região metropolitana. As questões que se juntam á proliferação dos condomínios fechados: analise centro –rico versus periferia pobre, e a configuração de um novo modelo factual.
A autora explica que as áreas residenciais fechadas e segregadas não é uma questão recente. Assim como Marcuse(2002) a existência histórica de guetos, cidadelas ou enclaves residuais na configuração urbana ocidental. Maria D’Ottaviano aponta dois tipos principais de motivação para a escolha da moradia: a primeira é a segurança e, a segunda , a volta de uma forma antiga de apropriação do espaço. Explica que a varias nomeclaturas como: gated communities , condomínios, coutries e condomínios fechados, e qualquer um dos casos, essas são “áreas residuais com acesso restrito, nas quais os espaços públicos foram normalmente privatizados”.
Aponta autores como Syampa e Queiroz Ribeiro que trabalha sobre a questão da globalização econômica, a reestruturação das relações sociais sobre novas bases, crise do Estado, desindustrialização e crescente inseguridade urbana como geradores do aumento das desigualdades e da exclusão social, modelo de Cidade Dual. E fala sobre os impactos da globalização que levou a liberação do mercado imobiliário, reforçando a desigualdade na organização e no acesso ao espaço publico. As novas relações de trabalho e de produção aumentaram as diferenças de renda entre as classes altas e baixas, gerando a dualidade social colocada por Castell e Mollenkopf.
A autora da exemplos de exclusão e segregação espacial, em imagens paradigmáticas como a favela Paraisópolis, “barracos” e a questão dos grandes e luxuosos edifícios do Morumbi, nesses últimos quinze anos. E fala sobre a segregação espacial urbana tendo por caracteristiocas dois principais tipos: os guetos, que são concentrações espaciais involuntárias, característica como cor ou raça e os enclaves, voluntários usualmente baseados na etinia, ligado ao status onde a solidariedade provê força e oportunidade para uma mobilidade social ascendente.
Maria D’Ottaviano aponta que nos anos 90 o aparecimento dos condomínios fechados propriamente ditos dentro da Região Metropolitana de São Paulo foi seguido por um aumento gradual dos lançamentos e que vem se intensificando a “Lei de Vilas” 1994, possibilitou a instalação indiscriminada de pequenos condomínios horizontais em todas as zonas de uso residenciais da cidade. Antes destinados á moradias da classe alta e localizados em grande áreas das zonas periféricas da RMSP, os condomínios fechados atualmente atendem outras classes sociais e possuem características bastantes distintas.
A autora conclui que os condomínios fechados oferecem a seus moradores a “idéia!” de segurança , os condomínios antes destinados á moradia da classe alta e localizados em grandes áreas das zonas periféricas e atendem outras classes sociais e possuem características bastantes distintas.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Resenha: condominio fechados e gated communities: uma discurssão conceitual Autora: Cristina Patriota de Moura


O objetivo da autora Cristina Moura, problematizar a utilização de conceitos e modelos construídos a partir de casos específicos para compreender outros processos também específicos.
Ela aborda a gênese do termo “gated community” e enfatiza que diversos profissionais vêm debatendo sobre esse significado e que um grande parcela da população está optando por morar em áreas urbanas. Esse termo tem origem nos EUA e é conhecido internacionalmente, para designar conjuntos de unidades residuais com perímetros definidos por muros, cercas e aparatos de segurança privados é o termo “gated community” utilizado por vários urbanistas. Estes dizem que o termo já era utilizado em propagandas imobiliárias que apelavam para o desejo dos norte-americanos de viverem em pequenas “comunidades”. Nessa propagandas remetem a idéia de valores que se relacionam á vida associativa, ao bem-estar da família nuclear, ao empreendedorismo individual e á própria manutenção de valores democráticos igualitários. São incorporações imobiliárias recentes, situam em espaços onde se encontram justamente os suburb que os nortes-americanos identificam como sendo um oposto da small town.
Os small town seria o lugar de fundação da própria sociedade norte-americana, com seus mais caros valores de individualismo, democracia e espírito comunitário.
O uso do termo suburb, nos Estados Unidos, alude a regiões essencialmente residenciais, as quais possuem características semelhantes às de cidades pequenas, sendo que os moradores dos suburbs em geral teriam atividades paralelas nas grandes cidades. Entretanto há alguns estereótipos em torno dos suburbs, como a noção de que seriam um tanto quanto homogêneos e homogeneizadores, não constituindo um modelo ideal de vida em comunidade, críticas originadas especialmente pelos cosmopolitas. Uma dessas críticas sustenta o argumento de que a estrutura dos subúrbios norte-americanos tende a confinar pessoas em casas ou carros. Apesar dos apontamentos contra a homogeneidade e a “falta de senso de community” nos suburbs, atualmente 60% dos norte-americanos vivem nessas áreas. A autora considera que frente à sociedade moderno-capitalista, os suburbs podem corresponder ao sonho de viver longe dos tumultos, porém com acesso a empregos e educação. Ao mesmo tempo, para Moura, se os subúrbios foram alvo de tantas críticas, as mesmas foram úteis para o surgimento de alternativas, apontando para a semelhança entre as gated communities e os subúrbios, diferenciando-se basicamente pelos muros. A autora enfatiza a preocupação manifestada pelos autores Blakely e Snider, sob o questionamento das gated communities consistirem ou não communities.
Diante disso, Moura pontua que diversos autores incluem os condomínios fechados existentes no Brasil no conceito de gated communities, citando a visão que considera homogeneizadora, onde os condomínios são vistos como fenômeno da globalização, tendo em vista que é possibilitado ao capital controlar o comércio dentro dos condomínios. A autora destaca também que o termo gated communities tem sido utilizado de maneira mais generalista para diferentes fenômenos, que embora possuam significativos aspectos em comum, há uma relativa confusão. Entretanto, esclarece que tratam-se predominantemente de “incorporações imobiliárias dirigidas às elites e camadas médias surgidas, principalmente a partir da década de 90, localizadas ás margens de cidades de grande e médio porte, com vias de acesso restrito a moradores e um perímetro delimitado por cercas ou muros além de um aparato de segurança privado”.
Vemos que o “ideal moderno de vida urbana”(Caldeira, 2000:328), seria representado pelos espaços multifuncionais, com livre circulação de pessoas e possibilitando o encontro de diferenças, como é exemplo temos as cidades de Paris e Londre, ao contrário desse ideário termos o exemplo de Los Angeles, com uma tendencia de polarização ecobômica.
Traz a questão de uma nova ordem espacial das cidades, em que embora as cidades tenham traços muitos particulares de sua cultura, e processo histórico, há caracteristicas básica em comum, como por exemplo: concentração espacial dentro das cidades de uma nova pobreza, que por um lado , estão as atividades financeira de “alto nível” conectadas internacionalmente, e por outro lado há tambem segmentação da “classe média”.
Ontro questionamento é a origem dos gated communities, por uns mencionam que veio dos EUA e outros remetem a América Lationa.
Caldeira coloca o biôminio muro/comunidade em uma relação onde o muro se encontra bem mais explicito no caso de São Paulo, e a tendo a ideia de comunidade como fenômeno ausente.

A autora informa que torna-se um problema de afirmar que os condomínios possuem estilo de vida próprio e que a elaboração do conceito “gated communities”, como sendo várias designações para espacialidade no mundo, cria uma falsa idéia de há um padrão hegemônico. Assim, perde-se de vista as particularidades de cada lugar.
O abjetivo da autora é compreender porque as pessoas optam morar em condomínios, percebendo este, não como novo padrão de moradia, mas espaço com paisagens próprias. Através de pesquisas em Brasília e Goiânia ela tenta analisar as categorias como status, classe alteridade.
Em Goiânia, percebeu-se que as pessoas escolhiam os condomínios a partir de seus valores e pela simbologia que os mesmos oferecem. Além de ser uma forma de unir as famílias em um mesmo local.
Em Brasília, há varias percepções do que é um condomínio. As chamadas “invasões”, pelo movimento sem-teto, também é visto como um condomínio.
A autora demostra que um mesmo conceito é utilizada de forma diferenciada pelas duas cidades, bem como também são distintos os processos políticos, econômicos e simbólicos.
O texto é finalizado com o pressuposto de que não se deve homogenizar as relações sociais e que neste sentido, os estudos etnográficos podem oferecer auxilio, podem oferecer ferramentas para ter um olhar diferenciado para as questões que em um primeiro momento podem ser iguais.

Entrevista com condôminos


Entrevista realizada no dia 04/12/2009 com dois moradores de condomínios no bairro de Pilares e na Barra da Tijuca, ambos situados no município do Rio de Janeiro.

1) O que motivou a escolha por morar em condomínio?
2)Justificativa para a escolha do bairro.
3)Pontos Positivos e negativos de viver me condomínio, quanto a:
Segurança, Comércio e normas estabelecidas.
4)Quais os limites que devem ser superados no condomínio?
5)Como se dá a sociabilidade dentro do condomínio? Viver em condomínios favorecem as os estreitamento das relações de amizade?


João: 16 anos, estudante.
Bairro: Pilares.

1- A organização, pois é bom ter alguém responsável em coordenar os pagamentos de constas de luz e água; ter alguém que é a “cabeça” para não deixar o virar bagunça.

2- Foi aleatório

3- Pontos positivos e negativos:
Segurança: Ter alguém que comanda o portão e as câmeras e zela pela organização favorece a segurança. Negativos não há.
Comércio: Não há comercio perto, mas isso não se torna um problema pois o acesso é fácil.
Normas: Não poder fazer festas e ter animais. É positivo porque mantem uma ordem, mas é ruim porque acaba limitando um pouco a liberdade.

4- No meu condomínio a limpeza deve ser aperfeiçoada.

5- cada pessoa pensa de uma forma e tenta impor sua vontade. No meu condomínio por exemplo, o síndico é um “banana” e por isso não se impõe e as reuniões com os moradores acabam sendo uma bagunça. Não há uma pessoa que fale: “É isso e acabou”.
Não é possível ter muitos amigos, mas vive-se em harmonia, pois as pessoas são mais discretas e evitam conflitos, se não estivessem em condomínio, isso talvez não existiria.

Célia: 59 anos, funcionária pública
Bairro: Barra da Tijuca


1- Meus filhos queriam me dar conforto, já que eu fiz muito por eles. Eles visavam a segurança, morar em lugar reservado.

2- Não quero ser melhor do que ninguém, mas morar na Barra está muito melhor, mesmo tendo um custo de vida mais caro. Morar em condomínio na Barra é viver fora deste mundo de tanta ruindade, embora possa ocorrer também violência.

3- Pontos positivos e negativos:

Segurança: Onde eu moro é muito seguro, mais do que onde morava antes ( Sulacap), embora eu tivesse mais liberdade, porque quanto mais no subúrbio você mora, mas liberdade você tem.
O ponto negativo morar em meio a mais de mil pessoas, podendo ser elas boas ou ruins.
Existem confusões que não deveriam existir, já que as pessoas enchem a boca para dizer que moram na Barra. Se fosse em outro lugar as mesmas pessoas criticariam.
O IPTU e os impostos são mais caros por ser um bairro valorizado. Eu pagava R$250,00 pelo condomínio, em Sulacap, lá pago R$750,00 para ter segurança, além dos benefícios como sauna, piscina, churrasqueira e salão para festas.

Comércio: Ponto negativo é que o acesso desfavorece que não tem carro como eu, porque tudo é muito longe. O ponto positivo é que o meu condomínio oferece ônibus incluso na taxa do condomínio.
Normas: As positivas eu aceito as negativas eu não concordo. Por exemplo, não ter direito ao seu apartamento se você não paga o condomínio não é bom, pois você já quitou o seu apartamento. Isso não deveria existir.
Você não ter direito a fazer alterações nos padrões físicos dos apartamentos. Não posso mudar minha porta, a cor da rede, nem por vasos ou quadros na parede. Meu síndico me disse uma vez: “ Dona Ana, sei que você caprichosa, mas já pensou se alguém põe um vaso de “comigo-ninguém-pode”?
Os pontos positivos é evitar que haja conflitos entre os moradores.

4- Evitar a troca de porteiro com freqüência, pois no meu condomínio, quando você se acostuma com um o síndico trocar por outro funcionário. Ai meu ver isso não é bom.
Para mim deveria ser feito um “nada consta” para saber quem é quem. Porque fui informada que já trabalhou lá, uma pessoa que era do “Comando Vermelho”. Nada contra, pode ter se “endireitado”, mas é preciso a seleção tem que ser bem feita.

5- É bom viver em coletividade porque você se diverte com os serviços que são oferecido, como as festas organizadas, mas depende das pessoas. No subúrbio as pessoas se davam melhor, na Barra as algumas acham que são melhores que as outras.

Condomínios pagam para ter ligação direta com a polícia

Publicado em 08/11/2009, às 08h14

Para garantir ação mais rápida da polícia e driblar o atendimento do 190, condomínios residenciais de seis Estados firmaram acordos para a instalação de sistemas de comunicação por rádio, em uma linha direta com a Polícia Militar.

Nos projetos, os prédios instalam rádios nas portarias e nos batalhões ou carros da PM mais próximos para criar um canal de informações sobre a segurança na região. Em Salvador, o sistema custa R$ 150 mensais para cada prédio.

O Ministério Público da Bahia ameaça entrar com uma ação civil pública para suspender o acordo no Estado, único local onde houve contestação.

A reportagem identificou projetos semelhantes em São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba.

"O convênio agiliza um atendimento que deveria ser oferecido a todos igualmente. Não se pode criar mecanismos que diferenciem o atendimento. É uma privatização da polícia e da segurança pública", disse a promotora Rita Tourinho.

Os acordos também são criticados por especialistas ouvidos pela Folha. Para o cientista social Eduardo Paes-Machado, do grupo de pesquisa sobre violência na Universidade Federal da Bahia, a "polícia incorporou a lógica de mercado, com atendimento personalizado".

A pesquisadora Viviane Cubas, do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo), diz que o formato adotado não se encaixa no conceito de polícia comunitária, já que "acontece em detrimento daqueles que não podem pagar pelo serviço direto".

Trotes
Em Pernambuco, onde são beneficiados mais de 1.200 condomínios e empresas, o governo diz que zerou o índice de assaltos a prédios nas regiões atendidas, graças às informações passadas por porteiros, treinados pela polícia.

"O atendimento pelo rádio é mais rápido porque, das 18 mil ligações diárias para o 190 no Estado, 3.500 são trotes. Isso atrasa nosso trabalho", diz o coronel Sérgio Viana, que coordena o projeto em Pernambuco.

Para Viviane Cubas, a explicação de Viana não justifica o projeto. "Se cada um tiver que ter um rádio, o 190 não fará sentido. Se a polícia entende que ele não funciona direito, vamos corrigi-lo, não criarmos uma estrutura à parte."

Em São Paulo, o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do Cambuci adotou um projeto semelhante em 95 prédios da região da Chácara Klabin (zona sul da cidade), atualmente em fase de implementação. Uma estrutura utilizada anteriormente com uma empresa de segurança privada foi aproveitada.

Outro lado
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia afirma que não vai suspender o convênio porque não entende que a polícia favoreça os condomínios participantes, em detrimento do resto da população.

Como contraponto, a pasta cita o projeto da PM "Rondas nos Bairros", que funciona na periferia de Salvador com formato parecido ao convênio entre a polícia e os condomínios, mas por meio do telefone.

Segundo a PM de São Paulo, a parceria "melhora as prestações de serviço e não exclui o restante da população. Pelo contrário, contribui para que possa empregar seus recursos humanos e materiais de maneira mais precisa e eficaz, pois é certo que tomará conhecimento de uma eventual emergência com maior rapidez".

Agência Folha