Seja bem vindo ao "Cidade-Condomínio"

Este blog é um trabalho da disciplina "Núcleo Temático: Cidade e Segregação" do curso de graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Buscamos refletir e debater o tema condominio.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Relato sobre o trabalho de campo realizado no dia 10 de novembro - como referência teórica, Magnani (2002).


O trajeto do Campus Praia Vermelha-UFRJ ao posto 3 de Copacabana pode ser claramente percebido como uma macha de lazer e turismo. Começando pelo Canecão e pelo shopping Rio Sul, evidentemente o maior centro comercial do percurso realizado, observa-se que a localidade é bem servida de transportes coletivos, com uma seqüência de grande quantidade de pontos de ônibus, especialmente em direção à zona Norte da cidade, sendo os carros de diversas empresas, havendo combinações de complementaridade e outras de concorrência entre si, respondendo ao intenso fluxo de passageiros, sendo muitos moradores dessa região e trabalhadores da zona sul; observamos também o constante fluxo de táxis em frente ao shopping, também existindo concorrência entre as cooperativas. Verificamos a presença de meios de transporte regulares e irregulares de vans, que muitas vezes utilizam o espaço dos transportes legais e prejudicam os passageiros destes últimos, já que por vezes os ônibus não param. Ao redor do shopping há poucos pontos de comércio informal, vendedores ambulantes trabalhando basicamente com bebidas, comidas e produtos artesanais. Não foi verificada concorrência entre eles, além de termos notado uma relação de parceria entre os camelôs, ao ajudarem um ao outro na falta de dinheiro trocado para um cliente. Foi possível constatar a existência de um pedaço entre os camelôs, onde possuem interesses semelhantes, com certos hábitos consolidados no local, ainda que em atividade ilegal; observamos alguns sinais de regularidades nesta atividade.
O túnel de acesso a Copacabana possui, nas laterais da pista para automóveis, uma passagem para pedestres e outra para ciclistas, o que é um facilitador da combinação das atividades de lazer com as de comércio. Temos então o túnel como um pórtico, lugar de passagem, ligando pontos do trajeto. Na Avenida Princesa Isabel está situado o teatro Villa Lobos, como ponto cultural da localidade; há grande quantidade de serviços voltados para turistas nesta avenida, muitas lojas de aluguel de carro e de acesso á Internet (com características diferenciadas com relação às lan-houses) . Há também bordéis, ao redor dos quais à noite é possível notar a existência do pedaço constituído por profissionais do sexo, na localidade. Alguns serviços básicos também são oferecidos, como de supermercado, farmácia e bancas de jornal, tendo pouca concorrência, sendo mais significativo o caráter complementar dos equipamentos. Além disso, situam-se também hotéis de luxo. Estes diferentes equipamentos caracterizam também uma relação de contigüidade entre si.
Seguindo pela orla de Copacabana, constatamos a existência de quiosques tradicionais, patrocinados pela marca de cerveja Skol, com serviços oferecidos a critério dos respectivos donos, embora haja um busca por parte destes em responder à demandas (correspondendo basicamente a um comércio típico aos quiosques das praias da cidade) Mais adiante já se encontram modelos padronizados e sofisticados de quiosques, ocupados por marcas importadas ou não. No posto 3, por exemplo, há um estabelecimento Habib’s (voltado para alimentação e acessível a camadas mais populares), um quiosque Vivenda do Camarão, marca brasileira com lojas espalhadas pelo país, não caracterizando concorrência com relação às especialidades oferecidas, mas ao serviço de alimentação do local. Outros quiosques destacam uma marca brasileira de cerveja e outra (cigarro)
Ao longo da orla estudada, nota-se que a maioria dos serviços públicos e privados possuem legenda em português e inglês (alguns poucos em espanhol ou francês); há também um quiosque onde se oferece serviço de informações turísticas, pela Rio-tur e patrocinado pela Nestlé.
A partir atividades destacadas nos dois parágrafos acima, a mancha de turismo e lazer existente se evidencia ainda mais.
Na areia há algumas escolinhas de vôlei, que ocupam parte do espaço público. Embora possam ser autorizadas pela prefeitura, representam a presença de interesses particulares neste espaço. No espaço restante, mais próximo ao mar, um grupo de homens jogando bola traz certo desconforto a alguns banhistas, com quem dividem o espaço. Porém, que os amadores já formam um pedaço naquele local e se comportam como os “donos da casa” nas atividades que realizam. Observamos um “parquinho” também na areia, não sendo utilizado. No mesmo ambiente encontramos menores de rua, alojando seus pertences debaixo de árvores, sendo revistados por integrantes da Guarda Municipal na operação “choque de ordem”. Para os meninos de rua, pode ser que também haja um pedaço constituído não só pelas afinidades e por suas condições em comum, como naquela determinada área da praia. Entretanto, passando rotineiramente por abordagens do poder público. Este ocorrido pode ser referido dentre as conseqüências do processo de urbanização em curso, citadas por Magnani, como a deterioração dos espaços e equipamentos públicos, levando à privatização da vida coletiva à segregação, ao confinamento em ambientes e redes sociais restritos, assim como a situações de violência.
Do lado oposto ao calçadão, constatamos que há hotéis com diferenciados modelos arquitetônicos, vários são sofisticados e luxuosos, ao mesmo tempo em que muitos são antigos, porém tradicionais. A Rede de hotéis Othon possui alguns estabelecimentos neste trecho, complementando seus próprios serviços e concorrendo com outros nomes; entre hotéis está localizada uma agência de viagens. Em relação a instituições de educação, têm-se situada entre edifícios residenciais uma Escola Municipal. Nas proximidades há alguns bares tradicionais, e pouco comércio como padarias, farmácias etc.
Embora as categorias pedaço, mancha, trajeto, pórtico e circuito sejam de extrema importância para a compreensão em parte da dinâmica cultural estabelecida em Copacabana, não há como negar a forte presença de equipamentos comerciais em contigüidade no trajeto analisado, com evidentes parcerias entre os setores publico e privado, buscando maior consumo cultural, mais enobrecimento e qualificação para Copacabana, de modo a implementar a modalidade conhecida por “consumo do lugar”.

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