Seja bem vindo ao "Cidade-Condomínio"

Este blog é um trabalho da disciplina "Núcleo Temático: Cidade e Segregação" do curso de graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Buscamos refletir e debater o tema condominio.

Venha debater conosco a temática condomínio, relatando sua experiência, se é um morador (a) ou suas imprensões a cerca desta forma de moradia!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Resenha:A reinvenção das cidades na virada de século: agentes, estratégias e escalas de ação políticas Autora: Fernanda Sanches – UFRJ


Nesse texto a autora pretende mostrar os fenômenos da globalização que não se restringe ao mundo econômico, mas que afetam também a produção do espaço urbano e atinge diretamente a formulação e legitimação de paradigmas nas políticas urbanas.
As “cidades-modelos” são imagens construídas pela ação de governos locais, junto a atores hegemônicos com interesses localizados, agências multilaterais e redes mundiais de cidade. Estes atores realizam as leituras das cidades e constroem as imagens, tornadas dominantes mediante estratégias discursivas, meios e instrumentos para sua difusão e legitimação em varias escalas.
Tomada isoladamente as “cidades-modelos” para o senso comum pode aparecer como desempenho dos governos das cidades através de boa práticas e pode se dar de dentro para fora, construído a partir da ação de governos locais e cidades e que são descobertos por agentes externos, difundindo em outros âmbitos e escalas.
No caso de Curitiba, existem vários atores locais, e agentes e estratégias territoriais que comparece para produzir a imagem. O processo de produção do espaço social é ao mesmo tempo objetivo e subjetivo. São introduzidas formas de modernas de dominação e técnicas de manipulação cultural.
Isso explica a importâncias das city marketing como instrumentos das políticas urbanas. As cidades dominantes possuem uma agenda com pautas definidas para programas e ações, são desenvolvidas políticas de promoção e legitimação de certos projetos de cidade. a “ inteligência-global” dar-se pelas instâncias e pelos atores dominantes que avaliam e classificam cada projeto de modernização urbana com pretensões de reinserção global.
Como é o caso do “modelo- Curitiba” que teve uma seqüência de premiações Outorgadas á Prefeitura Municipal pelas mesma s agências , relatórios elaborados por consultores do Banco Mundial e da ONU.
Através de análises de processos de reestruturação urbana da década de 90, em sua relação com os respectivos governos de cidades e suas políticas urbanas, é possível identificar convergências. Ás estratégias utilizadas pelo poder político para “vender” as cidades faz com que a mesma seja vista com “cidade-mercadoria” isso identifica um processo de mercantilização nova inspiração encontrada pelo capitalismo compreende a compra e venda do espaço na escala mundial.
Esse mercado mundial de cidades é movido por e, ao mesmo tempo, movimenta alguns outros mercados:
• Mercado para empresas com interesses localizados: empresas e corporações, lugares para tomar decisões locacionais. Empresas vinculadas ao capital financeiro, industriais, comercial e de serviços.
• Mercado imobiliário: a crescente mobilidade do capital permite no agendamento de grandes operações localizadas, com investimentos de capital internacional.
• Mercado de consumo: circulação de imagens de “cidades-modelos” tende a agilizar os fluxos de consumo interno e externo
• Mercado de turismo: fortes imbricações, constrói suas segmentação e grupos-alvo no mercado, como o turismo de compras, e jovens ou de terceira idade;
• Mercado das chamadas “boas prática”: agencias multilaterais, objetivos técnicos, interesses políticos ideológicos na promoção e difusão internacional, legitimação de ‘administrações” urbanas “competentes”, “gestões competitivas” ou “planejamento urbano estratégico”.
• Mercado de consultoria em planejamentos e políticas publicas: atores locais, como prefeitos, lideranças constrói seus projetos políticos através da projeção e reconhecimento de sua atuação que, referida á escala do “local”. “experiências de sucesso”

Nessa leitura se trava a luta política pela imposição, medida sempre por conflitos e tentativas de construção de hegemonia, de uma leitura frente ás muitas outras que estão em permanente disputa neste campo. A luta simbólica se trata de um dos processos políticos relevantes na compreensão de lugares, em relação dialética com os processos materiais de modernização urbana.
Essas lutas não são mera expressão das relações de poder, atuam o campo das praticas, reelaboram as pratica. As leituras oficiais da cidade, que configuram imagens, costumam ser mostradas com aparência de objetividade, apresentando fatos sociais como inquestionáveis. Um exemplo é a cidade Curitiba que aparece em primeiro lugar, dando lugar á produção e veiculação de mais uma de suas imagens-síntese, a melhor cidade par os negócios.
A mídia é estratégia para os governos locais, pois realizam a espetacularização da cidade e molda as representações acerca de sua transformação. Produz signos de bem-estar e satisfação no consumo dos espaços de lazer, cria comportamentos e estilos de vida e promove a valorização de lugares, bem como os usos considerados “adequados” como em Curitiba.
As políticas culturais de lugares vêm sendo cada vez mais alinhadas ás políticas econômicas. A reestruturação urbana só é possível quando acompanhada de uma reestabilização do governo urbano. Os lugares são repletos de diferenças internas e conflitos, que podem ser expressos em leituras dissonantes em disputa de espaços políticos. Se nas cidades há múltiplas identidades que podem ser “recursos de riquezas ou fonte de conflito”é necessário portanto questionar a idéia da “ identidade do lugar” como se fosse a única, ou da “imagem -síntese do lugar”idéias força do discurso urbano dominante que se tornam armadilhas e fetiches.
As representações sobre as cidades podem ser poderosas em suas conseqüências locais, regionais, nacionais e internacionais. Podem ter desdobramentos geopolíticos e econômicos que repercutem em variadas e simultâneas escalas.
Devido a essa dimensão, não costumam ser pautadas pelos parâmetros e objetivos definidos apenas pelas autoridades dos governos municipais. Sua elaboração vem de campos provenientes de saberes de experts. Publicitários, consultores em marketing, produtores culturais, conselheiros em comunicação e pesquisa de mercado são os agentes que se emergem como figuras centrais associadas á gestão empresarial das cidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário