Seja bem vindo ao "Cidade-Condomínio"

Este blog é um trabalho da disciplina "Núcleo Temático: Cidade e Segregação" do curso de graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Buscamos refletir e debater o tema condominio.

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Resenha do artigo de Cristina Patriota de Moura, “A fortificação preventiva e a urbanidade como perigo”.Por Alessandra Teixeira

Neste é problematizado a proliferação dos sistemas de vigilância através dos condomínios fechados e a consequente segregação existente nos espaços urbanos. Aborda a temática da “cultura do medo”, a prevenção da violência e apresenta estudos referentes a pesquisas realizadas em Goiânia.
A autora inicia seu estudo relatando que a vida urbana tem sido caracterizada através de termos como violência, medo e perigo. A mesma informa que há estudos que apontam que as cidades ditas globais, utilizam-se de instrumentos de vigilância para disciplinar o usufruto dos espaços das cidades. Os estudos sinalizam também que há um crescimento da privatização dos espaços públicos na forma de parques, shopping centers e bairros residenciais fechados, onde existem grande investimentos em sistemas de vigilância.
Moura apresenta aponta que pode-se perceber uma segregação no interior dos grandes centros urbanos no Brasil ao analisar o movimento que ocorre entre as elites e camadas médias e as camadas mais populares; estas ficam restritas de aproveitar os bens e serviços oferecidos pelas cidades e aqueles, adquirem blocos residenciais com alta tecnologia de vigilância. Esta situação tende a ocasionar conflitos sociais e aumentam a violência urbana, que é combatida pela elite social com o refúgio nos enclaves fortificados - condomínios fechados.
A autora salienta que o crescimento dos condomínios fechados não é uma singularidade dos Estados Unidos ou do Brasil, mas uma realidade de muitos outros países. Tal realidade tem como justificativa a busca do bem-viver, apontado por Guiddens (1991); nega-se assim o que de fato ocorre na vida cotidiana dos espaços urbanos.
É abordado que existe uma disseminação da “cultira do medo”, que possue uma certa coerência , devido os episódios de violência nas cidades, mas que é intensificada para afirmar a necessidade de prevenção contra os riscos da vida nas cidades.
A autora afirma que o desafio é direcionar a análise antropológica, para além do “discurso” do medo e realizar um “estranhamento” do que está posto pelo senso-comum. Ela afirma também que é uma tendência termos nossas ações baseadas pelos estudos dos chamados “peritos” da violência urbana, sem percebermos que muitas vezes estes estão a serviço do mercado que cria necessidades a partir do perigo eminente. Estes peritos também ganham espaços, a partir da proliferação ideológica de que o Estado deixa lacunas no que se refere a segurança pública.
Com suas pesquisas, a autora percebe que muitos moradores dos condomínios justificam a escolha pela liberdade do cotidiano da vida, pela segurança de estarem “separados” da violência das ruas, Algo que identificou também, foi que muitos não afirmaram que Goiânia seja uma cidade muito violenta, mas que morar em condomínios é uma profilaxia para a violência que tem crescido em todas as cidades. Eles acreditam que os muros e cercas que envolvem as residências é uma forma de lidar com a insegurança.
Moura conclui seu artigo, relatando que o morar em condomínios é uma forma de defesa contra o medo e que existe um status em viver nestas formas de habitação. Ela sinaliza que as pessoas vivem uma nostalgia do tempo em que as pessoas viviam com mais segurança, distintos do tempo presente.

Percebo que este texto nos apresenta questões importantes a serem problematizadas como a cultura do medo, tão divulgada pelos meios de comunicação e a forma como as pessoas percebem a vida nos espaços urbanos a vida em condomínios.
Penso que seja importante utilizarmos estas temáticas para analisarmos as questões que embasam esta proliferação pela prevenção fortificada. Muitos acreditam que a vida em meio aos muros gera a segurança. De fato pode ser que haja menos riscos de vivenciar situações de violência. No entanto, pouco se discute o que gera a violência: o lugar que ocupamos na produção e reprodução da vida social, a divisão de classes. Analisar a segregação existente entre os que moram em condomínios e os que moram em favelas,sob esta ótica, nos clareia a visão e nos faz perceber que a segurança é abordada como mercadoria disponível para os que podem pagar por elas. Nos dá a compreensão de que não basta pensar na segurança individual, mas em lutarmos em estratégias concretas que possibilitem que todos, sem distinção de posicionamento social possa garantir a integridade da vida.

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