Seja bem vindo ao "Cidade-Condomínio"

Este blog é um trabalho da disciplina "Núcleo Temático: Cidade e Segregação" do curso de graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Buscamos refletir e debater o tema condominio.

Venha debater conosco a temática condomínio, relatando sua experiência, se é um morador (a) ou suas imprensões a cerca desta forma de moradia!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Resenha feita por: Léa Santos. Texto: Enclaves Fortificados: Erguendo Muros e Criando uma Nova Ordem Privada. Autora: Teresa Caldeira.

CALDEIRA, Teresa P. do Rio,2000. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. São Paulo. Editora 34/Edusp. Enclaves Fortificados: Erguendo Muros e criando uma nova ordem privada. Resenha de: Santos, Léa Silvia Figueiredo.Parte III, cap 7, p. 257-300.2010


A autora analisa o novo padrão de segregação urbana. Tendo como os enclaves fortificados como o núcleo do novo modo de segregação. Explorando a versão residencial, no caso os condomínios fechados. Mostra as dificuldade em se organizar a vida social dentro de muros e como uma estética de segurança que tornou-se dominante na cidade de São Paulo nos ultimos viente anos.*

O texto nos mostra que algumas mudanças econômicas, políticas, exôdo de trabalhadores contribuiram para o aumento da tensão, o medo da violência e do crime, devido a aproximação espacial entre ricos e pobres, pois a desigualdade se torna mais visível. Bem como uma fala segundo as narrativas vista nesse trabalho claramente preconceituosas de alguns entrevistados.

Segundo a autora, nos ultimos anos, as formas de relacionamento urbano tem sofrido transformações significativas, marcadas pela proximidade espacial entre grupos heterogêneos, mas, tambem com uma separação social acentuada. E podemos verificar isso, na constante presença de muros(não apenas físicos, mas tambem simbólicos) e pela utilização de técnicas de segurança e de distanciamento social cada vez mais sofisticadas.

Os "enclaves fortificados", que são espaços privatizados, fechados e monitorandos, que como já mencionado, constituem-se como o principal instrumento desse novo padrão de segregação, justificado pelo medo do crime e da violência por parte da sociedade(elite)que se sentem ameaçados e preferem abandonar os espaços de livre acesso e circulação, caracteristica da vida urbana e do espaço público modernos.

Vemos que o abandono de valores vinculados a um espaço público aberto e que promova a igualdade, conduz à separação e de distância irredutível entre os grupos sociais, fazendo crer que cada um deva se isolar e conviver apenas com os seus iguais. A homogeneização produzida pelos " enclaves Fortificados" impede a manifestação dos contrastes e a percepção do outro como um distinto complementar, dificultando a formação de indivíduos capazes de perceber a importância de sua atuação pública, fortalecendo assim, à percepção dos direitos individuais como elementos básicos da cidadania.
Com isso, surge esse novo novo conceito de moradia , o condomínio fechado ­, que enfatiza a segurança e implica uma nova forma de posicionamento no mundo, um estilo de vida distinto do anteriormente predominante. Essa alternativa tende a ser constituída por ambientes socialmente homogêneos, controlados por guardas armados e sistemas sofisticados de segurança, que oferecem proteção contra o crime e criam espaços segregados.
Tal estilo residencial enfatiza o valor do que é privado e restrito e desvaloriza o público e aberto, e neles são impostas regras de inclusão e de exclusão.
São fisicamente demarcados e isolados por muros, grades, áreas vazias e detalhes arquitetônicos, os condomínios caracterizam-se como espaços autônomos e independentes do entorno em que estão situados; por isso, podem estar em qualquer espaço e mudam o panorama da cidade no que se refere ao caráter do que é público e à interação entre os diferentes estratos sociais.

Muda a cidade, porque ao transformarem a paisagem urbana, as estratégias de segurança dos cidadãos também afetam os padrões de circulação, os trajetos diários, os hábitos e os gestos relacionados ao uso dos transportes públicos, dos parques, dos espaços comuns e das ruas. O que antes era o elemento central para o desenvolvimento da sociabilidade urbana, parece ter sido eliminado, no momento de predomínio dos enclaves fortificados, quando o espaço público se esvazia ­ ruas e calçadas são projetadas apenas para o tráfego de veículos, praças tornam-se cada vez mais ausentes, áreas de comércio são internalizadas e circulação de pedestres, desestimulada ­, o que resulta na ausência de uma genuína experiência de vida pública.
A discussão que o capítulo traz, é uma ferramenta mais para ser analisado as questões que vemos atualmente não somente em São Paulo, mas em outras grandes cidades, que tem o foco na segurança e acaba enfatizando a segregação.

* Importante ressaltar que a autora utiliza o termo " enclave fortificado", para o tipo residencial como este, mais tambem para shopping centers e outros tipos de espaços( que utilizam outros termos, como por exemplos: gated community, " condomínios fechados"etc).

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